007 – Um Novo Dia Para Morrer (Die Another Day – 2002)

O vigésimo filme de James Bond marcaria um momento histórico: 40 anos na longeva existência da franquia mais popular do cinema. A comemoração viria na forma de um projeto/homenagem aos fãs. Uma intenção nobre, mas de boas intenções o inferno está lotado…

Para começar, os produtores entregaram o projeto nas mãos incompetentes e equivocadas do diretor neozelandês Lee Tamahori. Sem nenhum sucesso expressivo em seu currículo, o diretor foi uma decisão incauta e preguiçosa que rendeu consequências alarmantes e quase definitivas. Neal Purvis e Robert Wade se encarregaram de tecer um roteiro, que faria alusão a todos os filmes da franquia, costurando assim a confusa colcha de retalhos.

Haveria o contrabando de diamantes e o uso de um satélite munido de laser, como no filme “Os Diamantes são Eternos”, a demissão do espião do MI6 já vista em “Permissão Para Matar”, o biquíni utilizado pela Bond Girl ao sair do mar, remete claramente ao utilizado pela personagem de Ursula Andress em “Dr. No”, entre muitas outras referências.

Na trama, 007 lidera uma missão na Coréia do Norte, onde após matar um coronel, ele se vê capturado e levado a uma rústica prisão. Um ano depois, após ser liberado numa troca de prisioneiros, o espião perde sua licença para matar e busca desesperadamente o responsável por sua prisão. O seu caminho se cruza com o do milionário Gustav Graves (Toby Stephens), que guarda um segredo surpreendente sobre seu passado. A Bond Girl Jinx é interpretada por Halle Berry, cuja beleza não compensa a desleixada construção de sua personagem.

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O insosso Stephens no papel do vilão não acrescenta nada à franquia, fazendo lembrar com saudade da época em que os vilões eram interpretados por atores do alto escalão e constituíam uma real ameaça. O que falar então da escalação do canastrão Michael Madsen em um papel coadjuvante sem nenhuma importância? A produção foi tão generosa que concedeu até um papel para Madonna, que interpreta a fraca canção-tema. A cantora vive Verity, a instrutora de esgrima da personagem de Rosamund Pike, a dúbia Miranda Frost.

A intenção dos realizadores de fazer deste filme uma celebração se mostra um fracasso, pois acabou se tornando uma festa mal organizada, barulhenta e com um anfitrião deslocado e confuso. Como todas as festas citadas acima, o que fica nos espectadores após um minuto de seu final, com todo o som e fúria que explodem como fogos de artifício, é um gosto amargo e a sensação parcial de amnésia.

O uso excessivo de computação gráfica em algumas cenas foi a pá de cal que a franquia não merecia receber, em um evento que deveria ser para homenagear os elementos que a tornaram um símbolo de sucesso. Todo o trabalho incessante de vários técnicos e dublês ao longo dos 40 anos, as cenas que pareciam impossíveis e que com muito esforço foram realizadas, tudo foi por água abaixo quando James Bond decide “surfar” em um mar de gelo. Somente vendo para crer! Uma lição de como não se fazer uma sequência de ação.

A trilha sonora ficou a cargo novamente de David Arnold e a canção (já afirmei que é horrorosa e equivocada?) foi escrita e interpretada por Madonna. Pela primeira vez, uma canção iria representar exatamente a cena na qual ela foi inserida, diferente das músicas dos filmes anteriores que não se conectavam com nenhuma cena específica. A letra procura abordar as torturas físicas e psicológicas enfrentadas pelo herói em quatorze meses de confinamento na prisão.

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Mesmo tendo sido um sucesso nas bilheterias mundiais, o filme foi desastroso. Além dos defeitos já destacados, vale incluir a invenção mais estapafúrdia já vista na série: o carro-invisível. Ian Fleming e seu legado não mereciam tal atrocidade. O ator Roger Moore citou em uma entrevista na época de lançamento do filme, algo que reflete o pensamento de todos os fãs: “Eu acho que eles foram longe demais. Sou eu que estou dizendo, o primeiro Bond no espaço (referência a “Moonraker”)! Carros invisíveis e efeitos fracos em computação gráfica? Tenham paciência.

Para manter a franquia por mais 40 anos, se fazia necessária uma nova roupagem, uma mudança de atitude. Priorizar roteiros melhores e menos efeitos especiais exagerados e inúteis. Quatro anos foram necessários para que os produtores encontrassem um novo caminho para o espião manter-se na ativa com dignidade.

Como em todas as guerras, ocorreram baixas. O ator Pierce Brosnan foi convidado a se retirar em 2005 após pedir um aumento em seu cachê. Mesmo não tendo participado de filmes memoráveis, o ator tornou-se a cara do personagem para uma nova geração de fãs. Infelizmente ele participou do período menos criativo da franquia.

Os produtores perceberam o erro que haviam cometido em se apoiar nos avanços tecnológicos em detrimento de uma boa história. Em 2006, eles dariam a volta por cima brilhantemente…



Viva você também este sonho...

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