O cinema brasileiro é rico em temas, o problema é que muitos diretores não conseguem fazer seu trabalho ser comercialmente disponível, poucos conseguem atravessar o funil e ir além dos festivais de cinema.

Outro problema grave, pseudointelectuais brasileiros que desprezam o cinema de gênero, professores de faculdades de cinema que estimulam em seus alunos esta atitude errada. Boa parte dos críticos veteranos, contaminados por politicagem, endeusaram ao longo dos anos alguns poucos iluminados e jogaram para baixo do tapete muitos profissionais valorosos. Eu luto diariamente para mudar esta triste e injusta realidade em longo prazo.

Alguns destes filmes que eu selecionei não são sequer lembrados por estes profissionais, obras que foram abraçadas calorosamente pelo público (praticamente um crime numa área dominada pela inveja), pérolas que demonstram a versatilidade, coragem e bom humor destes artistas que geralmente trabalham com orçamento muito baixo.

Da era silenciosa aos tempos modernos, todos os gêneros, drama, romance, policial, suspense, musical, comédia, ficção científica, horror, documentário, infantil, épico histórico, aventura e ação. Aqui estão os 50 melhores filmes brasileiros:

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50 – Macunaíma (1969)

As aventuras de Macunaíma, o anti-herói preguiçoso e sem caráter. Ele nasce negro no sertão, mas vira branco, vai para a cidade com os irmãos e se envolve com prostitutas, guerrilheiras e enfrenta todo tipo de gente em sua jornada. Clássico de Joaquim Pedro de Andrade.

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49 – Central do Brasil (1998)

Dora, uma amargurada ex-professora, ganha a vida escrevendo cartas para pessoas analfabetas, que ditam o que querem contar às suas famílias. Ela embolsa o dinheiro sem sequer postar as cartas. Um dia, Josué, o filho de nove anos de idade de uma de suas clientes, acaba sozinho quando a mãe é morta em um acidente de ônibus. Ela reluta em cuidar do menino, mas se junta a ele em uma viagem pelo interior do Nordeste em busca do pai de Josué, que ele nunca conheceu. Pérola de Walter Salles.

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48 – Chuvas de Verão (1978)

Afonso se aposenta e decide levar uma vida tranquila. A nova rotina lhe reserva o início de um inesperado amor por Isaura, sua vizinha de tantos anos, com quem começa uma relação de amizade, amor e respeito. Belíssimo filme de Cacá Diegues.

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47 – Um Homem Sem Importância (1971)

Desempregado, Flávio mais uma vez se desentende em casa. Seu pai é um mecânico rude, sem instrução, que vive para o trabalho. O rapaz vai à rua para uma nova tentativa de encontrar trabalho, mas sente que já perdeu a juventude e continua desprovido de chances de realização. Pérola do diretor Alberto Salvá.

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46 – Os Cafajestes (1962)

Ao saber que o pai rico está à beira da falência, o mimado Vavá convoca o amigo Jandir com um plano para arrumar dinheiro rápido: eles vão chantagear um tio de Vavá tirando fotos comprometedoras da amante dele, Leda. Clássico dirigido por Ruy Guerra.

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45 – O Torturador (1981)

Nesta deliciosa brincadeira com o gênero policial dirigida por Antônio Calmon, lotada de referências, a belíssima Vera Gimenez vive Gilda, referência direta às femme fatales do Noir, emulando inclusive os trejeitos de Rita Hayworth, Anselmo Vasconcellos vive um mafioso que se disfarça de padre, Ary Fontoura vive o ditador de uma republiqueta e, claro, Jece Valadão e Otávio Augusto, dando show de carisma como uma dupla de mercenários.

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44 – A Grande Feira (1961)

O filme de Roberto Pires revela a demagogia eleitoral, ao narrar o drama dos moradores da feira de Água dos Meninos, na Bahia. Ameaçados de despejo por uma imobiliária, os feirantes têm de ir a luta para conservar o terreno.

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43 – Pintando o Sete (1959)

Catito (Oscarito), um palhaço de circo, para fugir de um casamento forçado numa cidade do interior, esconde-se no porta malas do carro do Dr. Cláudio (Cyll Farney) e vai parar no Rio de Janeiro. Descoberto, acaba se hospedando na casa do Dr. Cláudio, sob uma única condição: passar-se por Picanssô, um pintor famoso que vem da Europa a convite de Sílvia (Ilka Soares), noiva do dono da casa, uma grã-fina sempre em busca de projeção social. Pérola crepuscular da Atlântida, dirigida por Carlos Manga.

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42 – Abrigo Nuclear (1981)

No futuro, com a superfície da terra devastada pela radiação atômica, os sobreviventes da humanidade se protegem em instalações subterrâneas mantidas com energia de usinas nucleares. Os habitantes são controlados com mão-de-ferro pela autoritária comandante Avo (Conceição Senna), que esconde de todos que um dia os humanos habitaram a superfície. O diretor Roberto Pires já falava abertamente na década de 70 contra a utilização da energia nuclear, logo, foi algo natural ele se reunir com Orlando Senna para escrever o roteiro, que foi produzido com baixíssimo orçamento e muita criatividade.

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41 – As Quatro Chaves Mágicas (1971)

A pura Maria, com sua capacidade lírica de se encantar com as coisas simples da vida, descobre uma dimensão paralela. O seu “coelho de Alice” é o gnomo Arad, que, em troca de dois queijos, decide se tornar o mestre espiritual da garota. Quando conseguir controlar os quatro elementos, ela estará pronta para enfrentar a bruxa. Os duelos mágicos remetem a “O Corvo”, de Roger Corman, com a câmera criando as ilusões, que vão de objetos que são manipulados pela mente à delicadeza lúdica da cena em que o gnomo, com uma mão, ergue a jovem. Vale destacar que o diretor Alberto Salvá, décadas antes do feminismo virar algo lucrativo no cinema, decidiu inteligentemente dar protagonismo à Maria, que, como o próprio concunhado desalentado afirma ao final, resolve todo o problema praticamente sozinha.

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40 – Engraçadinha Depois dos 30 (1966)

No Rio de Janeiro, a adolescente Silene (Vera Vianna) é abordada na rua por Odorico Quintela (Fernando Torres), que pede informações sobre a sua mãe Engraçadinha (Irma Álvarez, dublada por Glauce Rocha). Os dois dirigem-se para o subúrbio de Vaz Lobo onde Silene vive. Odorico fala para Engraçadinha e seu marido, Zózimo (Nestor de Montemar), que era amigo do pai dela e tenta seduzir a mulher casada. Pérola do diretor J.B. Tanko.

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39 – Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976)

Durante o carnaval de 1943 na Bahia, Vadinho, um mulherengo e jogador inveterado, falece repentinamente. Sua mulher, Dona Flor, fica inconsolável, pois, apesar de ter vários defeitos, ele era um excelente amante. Clássico de Bruno Barreto.

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38 – Independência ou Morte (1972)

O argumento do grande Abílio Pereira de Almeida, mestre por trás de pérolas como “O Gato de Madame” e “Sai da Frente”, roteirizado por Dionísio Azevedo, Anselmo Duarte, Lauro César Muniz e o próprio diretor, o injustamente pouco lembrado Carlos Coimbra, de “Se Meu Dólar Falasse”, “O Santo Milagroso” e o excelente “A Madona de Cedro”, opta pelo didatismo sem firulas narrativas, com generosa utilização de legendas explicativas, a estrutura clássica e romantizada que a Hollywood dos anos dourados ensinou ao mundo, algo visto como demérito pelos cineastas do Cinema Novo que preferiam filmar por vários minutos uma árvore de cabeça para baixo, até que alguém na plateia gritasse: “Gênio!”

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37 – Argila (1940)

Na Ilha de Marajó, uma jovem viúva rica se envolve com escultor de origem humilde, dando-lhe o apoio necessário para que seu talento seja reconhecido. Abandonada pelo escultor, sua noiva procura a viúva e relata-lhe os fatos, fazendo com que esta deixe o caminho livre para o jovem casal. Pérola do grande Humberto Mauro.

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36 – O Homem do Sputnik (1959)

Um estranho objeto parecido com o famoso Sputnik cai no quintal de Anastácio, matando suas galinhas de estimação. Ele tenta negociar o suposto satélite para recuperar o prejuízo, mas isso chama a atenção de espiões internacionais. Clássica comédia dirigida por Carlos Manga, com Oscarito.

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35 – Eu Matei Lúcio Flávio (1979)

Produção da Magnus Filmes, criada por Jece Valadão, dirigida por Antônio Calmon, contando com a presença da belíssima Monique Lafond, esta obra merece ser redescoberta pelo público que, nas últimas décadas, foi adestrado pelo sistema à celebrar o bandido como vítima da sociedade.

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34 – Memórias Póstumas (2001)

Com esta obra, o criativo diretor André Klotzel acerta ao abraçar estruturalmente a linguagem utilizada por Machado de Assis no maravilhoso “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881), excelente timing cômico e atuações precisas, com destaque para o minimalismo fascinante de Sônia Braga e um Reginaldo Faria estupendo como o protagonista em sua fase adulta.

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33 – À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964)

O sádico e cruel coveiro Zé do Caixão pretende gerar um filho perfeito para dar continuidade ao seu sangue. Clássico imortal do saudoso José Mojica Marins.

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32 – O Jeca e a Égua Milagrosa (1980)

A última contribuição do grande Amácio Mazzaropi (com o auxílio inestimável de Pio Zamuner) para o cinema brasileiro é pouco lembrada, mas considero uma de suas melhores, em que ele, fisicamente debilitado e já desapegado da ilusão de que a crítica da época seria capaz de analisar com carinho seu trabalho, entrega com sangue nos olhos exatamente o que seu público gostava, com uma crítica política ferina ao sistema eleitoral, incluindo a utilização da fé religiosa por oportunistas e charlatões nas engrenagens do voto, muito mais eficiente em sua objetividade do que as bobagens umbilicais soporíferas que os cineastas mimados do “Cinema Novo” apresentavam em seus transes alucinógenos.

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31 – Inocência (1983)

O melhor momento da carreira de Walter Lima Jr. é a pérola de pura sensibilidade: “Inocência”, adaptada fielmente do livro do Visconde de Taunay, inspirado por um romance real do nobre com uma cabocla comprada no Mato Grosso, que faleceu de tristeza após sua partida.

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30 – Floradas na Serra (1954)

Uma moça vai para Campos do Jordão em busca de paz. Em uma consulta de rotina, descobre que está com tuberculose e decide voltar para sua cidade. Mas, na estação de trem, conhece um homem que lhe dará motivos para ficar. Pérola de Luciano Salce, com Cacilda Becker e Jardel Filho.

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29 – Bye Bye Brasil (1979)

Na obra de Cacá Diegues, Salomé, Lorde Cigano e Andorinha são três artistas ambulantes que cruzam o país juntamente com a Caravana Rolidei, fazendo espetáculos para o setor mais humilde da população brasileira, que ainda não tem acesso à televisão. A eles se juntam o sanfoneiro Ciço e sua esposa, Dasdô, em uma jornada da Amazônia até Brasília.

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28 – Estranho Encontro (1958)

Torturada mentalmente por um homem que sofre de neurose de guerra, Julia certa noite consegue fugir e é recolhida por um jovem que a oculta numa casa de campo pertencente a uma amiga a quem está preso por laços muito íntimos. Pérola de Walter Hugo Khouri.

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27 – Festa (1989)

A metáfora da obra de Ugo Giorgetti é simples e poderosa, o local é um microcosmo que simboliza a nação, o dono da festa até tenta enaltecer o talento do mestre da sinuca, mas ninguém escuta, entorpecidos em seus próprios egos inflados, seguram os tacos sem qualquer apreço pelo jogo, comandados pela escandalosa socialite vivida pela linda Patricia Pillar, aquilo para a multidão imediatista é apenas um passatempo pueril. Os empregados passam carregando o lixo deixado para longe do campo de visão dos endinheirados, tudo para manter a frágil aparência de pureza. E, quando nada parecia poder piorar a situação, uma marchinha de Carnaval começa a tocar, fase de alienação máxima da sociedade.

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26 – São Paulo, Sociedade Anônima (1965)

Em São Paulo, entre 1957 e 1961, é mostrada a trajetória de Carlos (Walmor Chagas), que pertence à classe média. Guiando-se pelas chances imediatas que lhe são dadas pela sociedade, ele ingressa numa grande empresa. A certa altura se vê na pele de um chefe de família, que trabalha muito, ganha bem, mas vive insatisfeito. Sem projeto de vida ou perspectivas de se opor à condição que rejeita, só lhe resta fugir. Pérola de Luís Sérgio Person.

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25 – Os Saltimbancos Trapalhões (1981)

“Os Trapalhões” eram um grande sucesso no Brasil, um grupo de comédia amado por crianças e adultos, mas nunca fizeram algo tão ousado quanto este filme, de J.B. Tanko. Adotando a estrutura de um musical infantil (músicas escritas por Sergio Bardotti e Luis Enríquez Bacalov, adaptado ao português por Chico Buarque), vale a pena enfatizar o roteiro ousado, a bela mensagem dos pobres artistas de circo unidos como uma oposição corajosa aos atos ultrajantes de um ditador, um elemento que engrandece o resultado com um excitante simbolismo.

 

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24 – Noite Vazia (1964)

Walter Hugo Khouri, inspirado por Antonioni e os jovens cineastas franceses da Nouvelle Vague, lida com a angústia de quem, em teoria, não teria motivos para sofrer, os problemas existenciais da burguesia. Os personagens são hipócritas incapazes de exercer o esforço necessário para escaparem da inércia, o confinamento no apartamento simboliza o medo de enfrentar o mundo.

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23 – Assalto ao Trem Pagador (1962)

Com base em um caso real que aconteceu no Rio de Janeiro, quando uma gangue atacou o trem pagador da Central do Brasil, Roberto Farias consegue criar um ótimo filme de assalto com muito pouco orçamento, pressionando o dedo sobre a ferida da sociedade preconceituosa e racista da época. O elenco brilhante, com destaque para Eliezer Gomes, Grande Otelo e Reginaldo Faria, ajuda a elevar ainda mais a qualidade do filme.

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22 – O Caso dos Irmãos Naves (1967)

O filme de Luís Sérgio Person, corajosamente nos anos do regime militar, conta a verdadeira história de prisão, tortura e morte de Joaquim e Sebastião Naves, injustamente acusados ​​de um crime. Um dos casos mais emblemáticos de erro judicial no Brasil.

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21 – O Bandido da Luz Vermelha (1968)

Rogério Sganzerla, com muito pouco orçamento, experimentou (e subverteu loucamente) com as convenções do thriller de Hollywood. Fugindo da lógica populista dominante no Cinema Novo, não há heroísmo na pobreza, não há esperança, apenas a devastação direcionada a tudo e a todos.

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20 – O Gato de Madame (1957)

Amácio Mazzaropi foi um dos maiores nomes do cinema brasileiro, profundamente amado pelas pessoas, apesar de ser humilhado na vida por críticos profissionais que desprezaram seu trabalho. Ele lutou para estabelecer uma indústria cinematográfica autossustentável no país. Neste projeto, dirigido por Agostinho Martins Pereira, ele foi favorecido por um roteiro corajoso que extraiu o humor ácido das críticas sociais, zombando de praticamente todos os conceitos estabelecidos, principalmente sobre políticos e a utopia socialista, com citações como: “Democracia é como uma melancia, verde de esperança por fora, mas vermelha por dentro, queimando com o desejo de mandar em tudo.”

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19 – Abril Despedaçado (2001)

Walter Salles tornou-se conhecido no mercado exterior com “Central do Brasil”, mas foi com o projeto seguinte que conseguiu o equilíbrio sensorial perfeito. Inspirado pelo livro do albanês Ismail Kadaré, adaptado ao cenário do nordeste brasileiro, o roteiro é um conto de vingança entre duas famílias, mas não se concentra na violência, o interesse é no desenvolvimento de personagens expostos aos níveis mais profundos da miséria humana.

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18 – Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro (2010)

O primeiro filme explodia na cara do espectador como uma espingarda, o segundo é como um tiro de bala dumdum, penetra no corpo e causa maiores danos internos. A reflexão crítica que o roteiro de José Padilha propõe é o elemento que o torna um produto superior no gênero ação, o inimigo não é apenas o criminoso violento nas ruas, mas também o sistema político podre que governa a sociedade em que a violência está inserida.

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17 – Lavoura Arcaica (2001)

A fidelidade ideológica de Luiz Fernando de Carvalho às páginas do livro de Raduan Nassar pode ser percebida inicialmente na preocupação do diretor por uma construção detalhada, desde o uso do texto original, através das ideias inteligentes no figurino de Beth Filipecki, até a elegância funcional do Gordon Willis brasileiro: Walter Carvalho.

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16 – Pixote – A Lei do Mais Fraco (1981)

A realidade cruel das ruas é evidenciada pelo diretor Hector Babenco, em seu melhor trabalho, abordando a perda de inocência em crianças expostas a um mundo de crime e prostituição. O pequeno Pixote é enviado a um reformatório, mas descobre que o sistema está corrompido, e que talvez ele estivesse mais seguro longe das garras da lei.

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15 – Ganga Bruta (1933)

Iniciado em 1931, este filme mudo dirigido por Humberto Mauro sofreu consideráveis ​​atrasos. O produtor Adhemar Gonzaga sonhou em filmar o projeto na Amazônia, que acabou por não acontecer, com problemas de dinheiro. Ainda assim, a produção simbolizava uma maturidade profissional do cinema brasileiro, com cenas internas capturadas por quatro câmeras, algo usual em Hollywood na época, mas novidade para a indústria cinematográfica brasileira.

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14 – Viagem ao Fim do Mundo (1968)

Com forte inspiração nas obras da filósofa francesa Simone Weil, simbolizada no monólogo existencialista de uma freira sobre a hipocrisia da religião, especialmente como uma ferramenta política, um ponto extremamente atual em uma sociedade em que um candidato que se declara ateu não vence a eleição, o filme do diretor Fernando Coni Campos, embora seja parte do movimento Cinema Novo, pode ser visto como uma antítese da celebração da rebelião sofisticada nas obras de Glauber Rocha, já que seu experimentalismo visual não parece buscar inspiração na melancolia poética do neorrealismo italiano.

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13 – O Lobo Atrás da Porta (2013)

O roteiro do diretor Fernando Coimbra, que estreia de forma promissora com a coragem de um veterano como Michael Haneke, se atreve a seguir o caminho do gênero de suspense com personalidade, ajudado pelas ótimas atuações de Leandra Leal e Milhem Cortaz.

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12 – Terra em Transe (1967)

Glauber Rocha disse que estava tentando fazer algo que fundisse o cinema intelectual que foi feito na Europa (o surgimento da Nouvelle Vague), com Hollywood. Misturando John Ford e Eisenstein. Em “Terra em Transe”, ele conseguiu criar sua obra-prima, aproximando-se mais eficientemente de seus desejos artísticos.

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11 – Casa de Areia (2005)

A riqueza do roteiro complementada por uma entrega magistral das atrizes, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, mãe e filha na vida real, cria poesia orgânica, que convida o público a pensar e se emocionar neste inesquecível conto de solidão dirigido por Andrucha Waddington.

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10 – A Hora da Estrela (1986)

Não é difícil concluir que esta bela adaptação de Suzane Amaral para o livro de Clarice Lispector, fiel à essência e eficiente na sua execução, é o melhor filme brasileiro da década de oitenta, verdadeira flor no asfalto. A sensibilidade do roteiro, que funciona com uma simplicidade incomum no período, uma época em que todos os cineastas brasileiros pareciam tentar imitar a cacofonia visual de Glauber Rocha, que, por sua vez, emulava experimentos franceses, cativa o espectador já nas primeiras cenas, quando conhecemos a protagonista: Macabéa, vivida por Marcélia Cartaxo.

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9 – Cabra Marcado Para Morrer (1984)

Eduardo Coutinho fazia uma espécie de cinema intensamente emocional, original, corajoso, que forjava uma audiência consciente e crítica, um elemento essencial, principalmente por causa da maneira como sua lente aborda um tema que, em outras mãos, poderia se tornar algo panfletário, manipulador, reduzindo tudo a uma visão simplista.

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8 – Filme Demência (1986)

Produzido pela Embrafilme, um roteiro escrito por Carlos Reichenbach e Inácio Araújo, esta pérola ainda é raramente comentada por cinéfilos brasileiros, o trabalho mais pessoal do diretor. Idealizado em tempos de crise nacional, a ideia original teve que ser abortada após cortes no orçamento e acabou por ser transformada em uma versão para “Fausto” de Goethe.

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7 – De Vento em Popa (1957)

O movimento Cinema Novo dos anos 70 capitalizou com a pobreza, mas a crítica política e social desses filmes empalidece em comparação com a imagem de Oscarito mantendo seu disfarce como cientista aristocrático, um conceito cômico que atinge o alvo com mais pungência do que todos os chamados “revolucionários” cineastas brasileiros fariam nos anos seguintes. Pérola de Carlos Manga.

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6 – Navalha na Carne (1969)

O diretor Braz Chediak conseguiu estabelecer uma atmosfera opressiva praticamente insuportável, dominada por planos fechados e longas tomadas, com um uso sábio do silêncio, que vai além dos primeiros trinta minutos com apenas sons diegeticos. O texto corrosivo de Plínio Marcos, defendido de forma naturalista pelos atores consome o ambiente claustrofóbico, a sala fétida e desorganizada que serve como microcosmo de uma sociedade hipócrita.

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5 – Vidas Secas (1963)

A inteligência do diretor de fotografia Luiz Carlos Barreto, com lente nua, sem filtros, deixando a luz explodir, esmagando os personagens no terreno escaldante. O chiado das rodas do carro de boi é a trilha sonora ensurdecedora, colocando o espectador em um estado alterado e desconfortável, imediatamente imerso na realidade desesperada da família sertaneja. Clássico de Nelson Pereira dos Santos.

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4 – O Despertar da Besta (1970)

O filme já começa ao som de “Ave Maria”, que é implacavelmente interrompida pelo som de um grito de horror. Somente esse elemento seria um argumento suficiente para a estúpida ditadura militar agir como censura. Eles não apenas impediram que o filme fosse exibido nos cinemas, queimaram as cópias. Recuperado nos anos oitenta, continua sem lançamento comercial. Com um roteiro refinado de Rubens F. Lucchetti, baseado em um argumento de José Mojica Marins (que também dirige) cheio de metalinguagem, que, no contexto da época, ousou falar sobre o comportamento humano de uma forma que ainda hoje é corajosa.

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3 – Limite (1931)

Este belo filme mudo foi amado por David Bowie e selecionado para restauração por Martin Scorsese. Desconhecido pelo público brasileiro, reconhecido no exterior como obra-prima, o filme de Mário Peixoto usa a sobreposição poética de imagens desarticuladas e muito simbolismo, abordando o infortúnio da humanidade diante da limitação universal.

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2 – O Pagador de Promessas (1962)

Em 1962, um jovem chamado Anselmo Duarte, ator em filmes como “Sinhá-Moça” e “Aviso aos Navegantes”, decidiu dirigir uma história à frente de seu tempo. Ele trouxe a Palma de Ouro, do Festival de Cannes, despertando a inveja de seus colegas.

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1 – Cidade de Deus (2002)

Fernando Meirelles conseguiu capturar a revolta brasileira com as taxas crescentes de violência urbana e o sentimento absurdo de impotência diante de um sistema que parece proteger os criminosos, a impunidade em todos os níveis, canalizando esta raiva coletiva para a estética de seu filme. É rápido, brutal, real.

* Lista preparada para o site norte-americano “Taste of Cinema”. Link para a postagem original (sem a ampliação, de 25 para 50), com os textos em inglês e sem cortes, AQUI



Viva você também este sonho...

3 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns, Caruso!
    #Adorooo #ler suas #indicações! Muito #rico seu #trabalho.
    Espero que continue a nos brindar e compartilhar seu olhar crítico, mas ao mesmo tempo lírico, sobre o Cinema. #Obrigada.
    #Sucesso pra ti!?

  2. Uma grande lista. Realmente filmes ótimos, alguns fantásticos, é uma pena que sejam relegados.Obrigada pela surpresa na parte que me toca. Adorei e adoro o conjunto de sua obra. Continue a nos presentear com suas dicas, textos e críticas. Parabéns sempre!

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