Eu sou apaixonado por óperas desde criança, tinha por hábito escutá-las em antigos LPs. A música clássica sempre me fascinou, cantava árias no primário para as professoras e, com o passar dos anos, fui estudando mais sobre o tema, hoje possuo uma pequena coleção de CDs. A tecnologia mudou, mas a sensação que aquelas músicas me traziam continua a mesma.

Imaginem a satisfação que sinto ao unir duas paixões, a música clássica e o cinema. Gosto das clássicas operetas de Nelson Eddy e Jeanette MacDonald (especialmente “Primavera” de 1937) e de alguns filmes que tentam transpor o encantamento único de um espetáculo para a linguagem cinematográfica. Claro que nem sempre esta adaptação se faz de maneira graciosa, mas o filme que indico hoje é o melhor exemplo de que é possível manter a essência (mesmo que cortando diversas repetições musicais usuais) e popularizar o conteúdo.

O italiano Franco Zeffirelli, antes de se tornar um cineasta, trabalhava intensamente com montagens de óperas, como cenógrafo. Nos anos oitenta, já tendo alcançado fama com filmes como “Romeu e Julieta” (1968) e o lacrimoso “O Campeão” (1979), começou a transpor óperas para o cinema. Dentre todas que realizou, a minha favorita é “La Traviata” (1982).

A trama é uma adaptação de “A Dama das Camélias” (do filho homônimo de Alexandre Dumas), com Teresa Stratas no papel da trágica cortesã Violetta, que chama a atenção do nobre Alfredo Germont (vivido por Plácido Domingo) em uma festa. Os eventos trágicos que se sucedem já são conhecidos por grande parte dos jovens cinéfilos, fãs (como eu) do filme “Moulin Rouge” de Baz Luhrmann, já que o cineasta australiano prestou uma bela homenagem, com Nicole Kidman e Ewan McGregor emulando os dilemas do casal da inesquecível ópera de Giuseppe Verdi.

O filme de Zeffirelli é feito para todos aqueles que acreditam não apreciar ópera. Logo em seu início, ele estabelece o clima perfeito (sem utilizar a música de Verdi) para que sejamos apresentados ao mundo dos personagens. Um jovem perambula por uma decrépita mansão e se apaixona à primeira vista pelo retrato pintado de uma jovem Violetta, para logo após descobri-la exaurida e moribunda. O apreço do jovem parece resgatar a autoestima da mulher, que (em um lindo corte de cena) vê-se transportada ao seu passado, ao dia da festa em que encontrou pela primeira vez o seu amado Germont. O primeiro ato se inicia e já estamos completamente aclimatados ao ritmo operístico e ao fascinante lirismo.

Infelizmente este filme ainda não foi lançado em DVD por aqui, mas graças às facilidades tecnológicas modernas, não existe ouro que não possa ser garimpado por aqueles que realmente o ambicionem. Como sempre digo, nos dias de hoje, mediocridade é uma questão de escolha.



Viva você também este sonho...

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