O Vampiro da Noite (Horror of Dracula – 1958)

O conde Drácula (Christopher Lee) é um nobre eslavo, condenado à vida eterna. Ele deixa sua terra natal, na Transilvânia, e vai a Londres em busca de novas vítimas. Seus hábitos noturnos chamam a atenção do Dr. Van Helsing (Peter Cushing), um cientista que se torna inimigo implacável do conde, determinado a por um fim na sede de sangue do vampiro.

Em “Nosferatu”, de Murnau, a caracterização do protagonista era a de um rato, um animal que trazia a peste para a cidade. Ainda que as presas do vampiro, símbolo máximo do personagem, tenham aparecido pela primeira vez em um obscuro filme turco da década de cinquenta, foi com Christopher Lee que se imortalizou a imagem, potencializada pelo vermelho berrante do Technicolor no sangue que pingava das presas.

Hoje em dia é difícil mensurar o choque que o elemento da cor causou no gênero, mas era algo que deixava os censores desorientados. Essa novidade que era vendida já no trailer, levava muitos a pensarem que não passava de uma irresponsável glamourização da violência, um deleite culposo para os olhos. O público estava acostumado a ser poupado nos momentos mais grotescos. O desfecho de um duelo de espadas em preto e branco poderia muito bem ser conduzido para as sombras dos corpos na parede, minimizando o efeito visual da espada que atravessa o corpo do vilão. Em “O Vampiro da Noite”, a câmera se aproxima para captar o gorgolejar do sangue que explode do corpo, após a estaca ser enfiada no peito da vítima.

O filme dos estúdios Hammer ainda resiste como a melhor representação de horror gótico e, no meu ponto de vista, a melhor representação do clássico personagem criado por Bram Stoker. O porte nobre de Christopher Lee, sua inesquecível primeira aparição envolto em sua capa e imerso na escuridão de uma escadaria, exalando uma silenciosa ameaça animalesca por trás de seus maneirismos aristocráticos. Seu caminhar que não produz som no chão, ao acompanhar Jonathan Harker pelo castelo, incitando sutilmente o sobrenatural, como se ele flutuasse.

Numa esperta decisão do diretor Terence Fisher, para enfatizar o controle sexual do Conde em suas vítimas, todos os rostos das mulheres atacadas vão do puro terror (à aproximação dele) ao êxtase do prazer, como se tivessem tido a melhor noite de amor de suas vidas.



Viva você também este sonho...

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