Quem é o Infiel? (A Letter to Three Wives – 1949)

Deborah (Jeanne Crain), Lora Mae (Linda Darnell) e Rita (Ann Sothern) são três amigas, todas casadas, que estão a ponto de partir em uma viagem de barco ao longo do Rio Hudson. Até que um mensageiro entrega uma carta direcionada às três jovens, que ficam impossibilitadas de tomar qualquer atitude até retornarem. Addie Ross (voz de Celeste Holm), uma amiga linda, rica e muito admirada por todos, escreveu dizendo que fugiu com o marido de uma delas, mas sem mencionar com qual. Elas terão o tempo da viagem para repensarem suas vidas e compartilhar com o público, em flashbacks, a origem de suas crises existenciais.

O texto deste filme é uma prova da extrema competência de Joseph L. Mankiewicz, que no ano seguinte faria a obra-prima “A Malvada” (All About Eve), que, de certa forma, acabou eclipsando-o nas páginas da História do cinema.

Ele conseguiu pegar uma novela medíocre direcionado às leitoras de uma revista feminina, cortando personagens e tornando as protagonistas tridimensionais em suas emoções e angústias, muito longe da caracterização banal e folhetinesca do trabalho original de John Klempner.

O roteiro transforma a figura de Addie em algo misteriosamente espectral, invisível, onipresente. Não vemos, em nenhum momento, sua tão alardeada beleza e elegância, apenas sentimos seu profundo impacto nos relacionamentos. Ela é a insegurança que reside no interior de cada esposa. E a opção pelo desfecho ambíguo, algo raro em sua época no gênero, eleva ainda mais a qualidade do texto.

Outro ponto que merece destaque é a participação da excelente Thelma Ritter, com seu perfeito timing cômico, numa variação do papel que faria praticamente em todos os seus projetos posteriores, como “Janela Indiscreta”, “Confidências à Meia-Noite” e “Boeing Boeing”.

Ela conseguia a proeza de atrair toda a atenção nas cenas em que participava, mesmo quando não falava uma palavra. Uma espécie de Groucho Marx de saias, infelizmente esquecida pela nova geração.

“Quem é o Infiel?” é uma pérola que merece ser redescoberta, um dos melhores filmes da década de 40.

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Viva você também este sonho...

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