King Kong (1976)

Este é difícil de defender, nem vou tentar. Quando eu era criança e via o filme na televisão, nem mesmo a figura do gorila gigante me iludia a ponto de achar que a história era boa, mas tenho um carinho especial por ele ter sido o responsável pelo meu contato com o excelente original de 1933, além de ter me apresentado Jessica Lange, que povoou a imaginação de nove entre dez adolescentes da minha geração.

Por mais competente que seja Rick Baker na roupa do monstro incompreendido, a composição já nasceu datada, os efeitos visuais no terceiro ato são especialmente desastrosos, com destaque para a infame substituição do Empire State Building pelas torres gêmeas do World Trade Center, uma grande bobagem.

A ideia de contextualizar o protagonista, retrabalhando ele como um recurso natural que é explorado pela ganância humana, representada pela subtrama protagonizada pelos personagens de Jeff Bridges e Charles Grodin, como metáfora nada sutil para a dependência norte-americana com o petróleo, funciona bem em teoria, mas a execução banaliza o discurso, com o roteiro falhando em equilibrar esse tema com a subtrama que envolve a bela jovem, uma crítica ao vazio da busca pela fama, o tolo culto à celebridade. E o fascínio do homem pelo desconhecido, pela criatura selvagem, acaba se perdendo nessa longa exibição do ego do produtor Dino De Laurentiis, comandada sem pulso firme pelo diretor John Guillermin.

Eu considero superior à entediante refilmagem moderna de Peter Jackson, já que possui algum charme e coragem de arriscar novas possibilidades. Sim, a forma como é desenvolvida a relação entre Kong e Dwan chega a ser constrangedora, com diálogos absurdos e situações bizarras, mas gosto de como, ao final, o roteiro evidencia que o monstro foi explorado também pela atriz, que, à sombra de seu corpo sem vida, com todos os repórteres buscando a melhor foto, conquista finalmente sua inglória fama. Sem querer, acabei defendendo.



Viva você também este sonho...

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