Quase Humano (Milano Odia: La Polizia non Può Sparare – 1974)

Um criminoso violento sequestra a filha de um milionário, e passa a ser perseguido por um policial determinado a ir além do limite da lei para capturá-lo.

Umberto Lenzi é conhecido pelos cinéfilos mais dedicados por seus trabalhos no terror, mas, apesar de ser meu gênero de formação, confesso que não gosto de seus filmes mais populares do ciclo canibal italiano, como “Canibal Ferox”, “Cidade Maldita”, ou “Vivos Serão Devorados”.

Ele demonstrou muito mais talento ao experimentar com os gialli “A Lâmina de Aço” e “Sete Orquídeas Manchadas de Sangue”, ou no faroeste spaghetti “Uma Pistola Para Cem Caixões”. E sua obra-prima é “Milano Odia: La Polizia non Può Sparare”, clássico poliziotteschi que considero superior à sua obra-irmã mais celebrada “Roma a Mano Armata”, também dirigida por Lenzi e lançada dois anos depois. O roteiro é do grande Ernesto Gastaldi, que no ano anterior havia escrito o inesquecível “Meu Nome é Ninguém”, de Tonino Valerii, trabalhando a ideia de Sergio Leone, e anos depois ajudaria Sergio Martino no ótimo giallo “Torso”.

O cubano Tomás Milián, de “O Dia da Desforra”, em seu melhor momento, vive um bandido medíocre e inseguro que encontra na possibilidade do sequestro de uma jovem filha da alta sociedade a chance de se provar competente. E, para piorar, a sua intenção é clara desde o início, ele quer pegar a grana do resgate e eliminar a garota. Não é apenas pelo dinheiro, a guerra dele é pessoal contra o sistema que, em sua mente distorcida, elege os sortudos e os azarados. Para ele, a classe policial é fraca, facilmente corruptível, limitada a seguir a lei.

Sádico, até mesmo os comparsas questionam este posicionamento radical, com a consciência de que eles mesmos podem se tornar alvos de sua ira. Ele só não esperava encontrar em seu caminho o inspetor mais linha dura da cidade, vivido por Henry Silva e seu rosto lapidado a cinzel, alguém que descobre que a única forma de vencer no caso é se tornando mais louco que o bandido, logo, abandonando as amarras legais.

O tom é pesado, o nível de violência é alto, o roteiro não faz concessões, seguindo a linha de “Desejo de Matar”, de Michael Winner, lançado no mesmo ano. E vale ressaltar a espetacular trilha sonora do mestre Ennio Morricone. Grande obra que merece maior reconhecimento.



Viva você também este sonho...

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