As Mãos Sobre a Cidade (Le Mani Sulla Città – 1963)

Um cruel proprietário de terra napolitana e eleito vereador, Edoardo Nottola (Rod Steiger), consegue usar o poder político de promover lucro pessoal em um grande negócio imobiliário em escala suburbana. No entanto, após o colapso de um edifício residencial, o vereador comunista Da Vita inicia um inquérito sobre a possível ligação de Nottola com o acidente.

A clássica obra sobre especulação imobiliária de Rosi, que venceu o Leão de Ouro em Veneza, perdeu muito em revisão, não envelheceu tão bem quanto outras pérolas de sua cinematografia, debruçada excessivamente no falatório, elemento que a torna cansativa como uma palestra defendida por um chato de voz mansa e monocórdia.

O tema é importante sobremaneira, mas a execução é problemática. Com exceção da atuação sempre competente de Rod Steiger, vivendo com inteligente vulnerabilidade o típico ganancioso desumano capaz de tudo para conseguir seu objetivo, a experiência, apesar do claro esforço do diretor em desviar do maniqueísmo tolo, acaba se vendo refém de uma primeira hora arrastada e de uma visão bastante ingênua do comunismo como um paraíso invadido pelos demônios do capitalismo.

“Na vida política, indignação moral é mercadoria sem valor.”

Como estudo sobre a corrupção sistêmica, no entanto, o roteiro se agiganta, evidenciando a injustiça organizada pelos figurões de colarinho branco, o “toma lá, dá cá”, a compra de votos, e, principalmente, os efeitos desastrosos destas ações nos mais pobres.

A cena do desmoronamento do edifício, logo nos primeiros minutos, ainda hoje surpreende pelo realismo brutal, conseguindo fazer o espectador boquiaberto sentir o desespero das vítimas.

Cotação: devotudoaocinema.com.br - "As Mãos Sobre a Cidade", de Francesco Rosi



Viva você também este sonho...

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