Quando escrevi meu primeiro livro, utilizei Rubens Ewald Filho como uma das referências para o personagem do crítico de cinema que o protagonista admirava. Na época, tive boas conversas com ele por telefone, pude agradecer pela sua importância em minha formação cinéfila, ele foi uma das poucas pessoas que leram “Devo Tudo ao Cinema” antes de seu lançamento.

Sempre muito gentil, mas já um pouco frustrado com a desvalorização do povo brasileiro com a memória cultural, ele tinha acabado de ser retirado do portal em que trabalhava, enfim, vivia tempos ruins. A última vez em que nos falamos foi na véspera de um Globo de Ouro, desejei sorte na transmissão, ele agradeceu e desejou um ótimo ano para meus familiares e eu, gesto que considerei muito bonito.

Não o conheci pessoalmente, ele morava em SP, não costumava vir ao RJ, mas a sua presença foi marcante em minha jornada, inicialmente nas páginas da revista Video News, que eu devorava quando criança e adolescente, depois nos vídeos que abriam as fitas VHS da CIC Vídeo e nas transmissões televisivas do Oscar, assim como nos guias parrudos que ele editava e tanto me ajudaram nos garimpos pelas locadoras.

Ele transmitia empolgação, paixão pelos filmes, este precioso elemento, mais que a sua escrita crítica, foi o diferencial que o destacava dentre tantos profissionais na área. “Você quer ser um Rubens Ewald Filho?” se tornou a pergunta básica de todos os amigos quando dei meus primeiros passos profissionais, ele transformou seu nome completo em um símbolo, uma marca com credibilidade, ajudou muito a popularizar a função da crítica de cinema, todos nós, críticos de sua geração e das novas, temos muito a agradecer.

Vá em paz, Rubens, que seu legado siga inspirando o amor pelo cinema. Que nunca nos esqueçamos…



Viva você também este sonho...

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