Sully – O Herói do Rio Hudson (Sully – 2016)

Em 2009, o mundo entrou em estado de choque e admiração quando o Capitão Chesley “Sully” Sullenberger (Tom Hanks) conseguiu pousar um avião em pane no Rio Hudson. Este ato quase impossível salvou a vida dos passageiros e alçou Sully à categoria de herói nacional. No entanto, nem mesmo a aclamação pública foi capaz de impedir uma investigação rigorosa sobre sua reputação e carreira.

Quando vi o filme na semana de sua estreia, achei competente, mas não me impressionou muito, creio que, assim como muitos colegas, busquei nele algo mais pungente sobre o evento, mas foi um equívoco de expectativa, o interesse do diretor Clint Eastwood, patrimônio do cinema norte-americano, não estava na reconstituição dramática do pouso forçado que tomou as manchetes do mundo, os seus olhos sensíveis estavam focados no jogo sujo que ocorreu nos bastidores e, principalmente, na força de caráter do homem comum que protagonizou este feito heroico inimaginável.

Os tecnocratas preferiam colocar a culpa nos ombros dos pilotos, destruir o psicológico deles e de seus familiares próximos para evitar o prejuízo financeiro, simulações frias são utilizadas como prova de que o erro foi humano, o julgamento é guiado em tom de deboche, Eastwood deixa claro que para os engravatados teria sido muito melhor uma tragédia sem sobreviventes, uma ocorrência fácil de ser explicada e, por conseguinte, logo esquecida pela opinião pública, substituída por qualquer polêmica da semana.

Para Sully, a única coisa que importava enquanto os holofotes da imprensa cegavam seus olhos era a confirmação de que as 155 pessoas que transportava estavam vivas. Tom Hanks consegue captar com facilidade esta personalidade desprovida de vaidade, que vive o momento de fama, a participação no mais respeitado talk show televisivo, com a leveza de quem está ciente de que apenas cumpriu sua função. Aquele circo é pensado para a celebração da futilidade, da mentira maquiada, tentando suprir a necessidade infantilizada por heróis, mas a sua verdade tão discreta contrasta sobremaneira com aquela bem lubrificada máquina mitificadora. Ele não se considera herói (apesar do título brasileiro desrespeitar este bonito conceito do roteiro), a obrigação dele era conduzir com segurança os passageiros e ele fez o melhor que pôde, utilizando sua experiência e seus estudos.

O diretor acerta ao ser coerente com esta atitude do protagonista, alicerçando a narrativa com componentes reais, utilizando os profissionais das embarcações e os mergulhadores de resgate que atuaram naquele histórico dia, ressaltando nos créditos finais que a obra é um tributo principalmente à união do povo nova-iorquino, lição que os brasileiros poderiam aprender.

Cotação: devotudoaocinema.com.br - "Sully - O Herói do Rio Hudson", de Clint Eastwood, na HBO MAX

Trilha composta por Clint Eastwood e Christian Jacob, interpretada pela “The Tierney Sutton Band”:



Viva você também este sonho...

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