Os Órfãos (The Little Ark – 1972)

Nos anos 50, durante uma enchente na Holanda, duas crianças (Geneviève Ambas e Philip Frame), órfãs da Segunda Guerra Mundial, perdem-se dos pais adotivos e passam a procurá-los incansavelmente, conquistando a amizade de um pescador (Theodore Bikel), que decide ajudar nesta missão.

Quando eu conheci a minha esposa, Teresa Cristina, 16 anos atrás, um dos primeiros papos que tivemos sobre cinema envolvia esta pérola, ela dizia que havia marcado a infância dela nas exibições na “Sessão da Tarde”, trocávamos lembranças sobre as cenas, mas era um filme praticamente impossível de encontrar, extremamente raro, jamais lançado em VHS ou DVD, até mesmo na internet não havia sequer uma cópia em baixa qualidade, chegamos a pensar que sua existência era fruto de nossa imaginação. Hoje, a obra é facilmente encontrada no Youtube, gravada diretamente da sessão televisiva da época, quem sabe algum dia seja resgatada por alguma distribuidora em mídia física.

A produção de Robert Radnitz, experiente em belos filmes para o divertimento das famílias, como o excelente “Lágrimas de Esperança” (dirigido por Martin Ritt em 1972), adaptando o livro homônimo do holandês Jan de Hartog, garante a elegância deste bonito conto sobre a beleza da fraternidade entre estranhos em momentos desesperadores.

Um tema simples que é tratado no roteiro de Joanna Crawford com lirismo (basta tomar como exemplo o fascinante interlúdio em desenho animado, em que o pescador coloca as crianças para dormir contando a história triste da sereia), sem fazer concessões mercadológicas, sem medo de soar bastante sombrio nos momentos necessários (chega a mostrar a reação apavorada da criança ao ver um corpo sem vida boiando na água), resultando em um produto peculiar no gênero, e, vale ressaltar, fortemente fincado nos valores judaico-cristãos, logo, o tipo de material que infelizmente jamais receberia sinal verde nos dias de hoje.

Vale destacar que a canção original que emoldura a sequência final, “Come Follow, Follow Me”, composta por Fred e Megan Karlin, foi indicada ao Oscar.

* Você encontra o filme facilmente garimpando na internet, até no Youtube.



Viva você também este sonho...

3 COMENTÁRIOS

  1. Olá.
    Meu nome é Ana Lopes. Queria parabenizá-lo pela descrição primorosa dessa pérola. Recordo bem dele quando passava na sessão da tarde e isso fazia parte da minha infância. Por esses dias eu estava procurando por esse filme justamente pela parte do desenho animado sobre uma sereia que se desenrola nele. O caso é que sou ilustradora e pretendo fazer uma adaptação em quadrinhos do conto. Tenho pesquisado exaustivamente sobre essa história, os nomes exatos dos personagens; se é uma história folclórica ou da autoria mesmo de Jan de Hartog o escritor.
    Infelizmente não encontro absolutamente nada sobre esse conto da sereia. Sequer o livro do qual o filme foi adaptado. Alguns exemplares na Amazon, mas em falta, esgotados. Você teria alguma informação sobre esse conto da sereia? Se tiver fico imensamente grata.
    Caso puder e quiser entrar em contato para alguma informação, tomo a liberdade de deixar aqui meu perfil do Instagram: @ana_lopesdesenhista
    Mais uma vez reitero meus parabéns pelo artigo. Adorei saber que não sou a única a ter tão boas lembranças de filmes como esse.
    Obrigada.

  2. Tenho 52 anos e esse filme faz parte da minha memória afetiva da sessão da Tarde…a muitos anos procuro algo sobre ele..em vhs ou dvd…a tv poderia pelo menos remasterizar e passar para as crianças dessas gerações conhecerem essa bela história…obrigada por trazer a nós algo sobre ele.

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