No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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Ao Mestre, com Carinho (To Sir, with Love – 1967)

Um desempregado engenheiro (Sidney Poitier) aceita lecionar numa escola barra-pesada em Londres, onde se depara com um grupo de adolescentes rebeldes determinados a expulsá-lo do cargo. Tratados com respeito, os alunos abandonam o comportamento hostil, se afeiçoando ao mestre.

Quando criança, minha mãe me apresentou este filme, alugado em VHS, depois revi em sessões vespertinas na TV, hoje tenho em minha coleção em DVD. É um fenômeno da cultura popular, todo mundo lembra de como se emocionou com a jornada do professor iniciante para se impor como figura de autoridade e conquistar o respeito de seus alunos adolescentes.

Analisando friamente, a estética não envelheceu tão bem, algumas escolhas na montagem prejudicam a imersão emocional, há segmentos arrastados, mas dois pontos seguem fortes: a atuação impecável de Sidney Poitier, plena em dignidade, inteligentemente internalizando seus sentimentos, e, claro, aquele desfecho inesquecível, em que os alunos se reúnem para surpreender o mestre com uma linda canção, cantada por Lulu, que esbanja carisma. É um exemplo sensível de como o cinema pode ser uma ferramenta verdadeiramente transformadora.

“Aqueles dias de estudante, de contar histórias e roer unhas, se foram, mas em minha mente eu sei que sobreviverão para sempre.  Como você pode agradecer alguém que te levou dos lápis de cera ao perfume? Não é fácil, mas eu vou tentar.

Chegou a hora de fechar os livros de escola, os olhares demorados das paixonites devem acabar, mas enquanto eu os deixo, eu sei que estou abandonando também o meu melhor amigo, aquele que me ensinou a diferenciar o certo do errado, o fraco do forte, isto é muito a aprender. O que eu posso te oferecer em troca?

Se você quisesse a lua eu tentaria dar um jeito, mas eu prefiro que você aceite meu coração. Ao mestre, com amor.”



Viva você também este sonho...

2 COMENTÁRIOS

  1. Filme inesquecível; para mim é perfeito e impecável. Quem já foi professor sabe que todas aquelas situações são verdadeiras: aluna se apaixonar pelo mestre, conflitos de gerações , refletia nem o clima de mudanças da época . Chamo a atenção para a bada Midbenders, que toca no filme, meio esquecida. É uma história real,de um engenheiro da Guiana que leciona por falta de oportunidades e se apaixona pela profissão. É preciso gostar de adolescentes, mais que isso, ter amor por eles, senão, procure outra área. Aqui e lá, todas as dificuldades e alegrias da profissão. Como o final incrível, é mais ou menos assim; aqueles alunos que o atormentam o ano todo,no final vêm abraca-lo e dar presentes.

  2. Este filme será sempre inesquecível. Maravilhoso. Mas, mais maravilhoso ainda, embora pouco se fake sobre ele, é o autor da estória, James Clavell. Este escritor tem obras magníficas tais como Xogun, Casa Nobre, Changi entre outros. Vale a pena ler.

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