No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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O Conselheiro (Counsellor at Law – 1933)

Georges Simon (John Barrymore) é um advogado de sucesso viciado em trabalho. Ele adora a esposa, Cora (Doris Kenyon), mas ela acha que poderia ter arranjado um partido melhor. Quando ele vê sua carreira ameaçada em virtude de um caso de sete anos atrás, sua mulher viaja para a Europa para fugir do escândalo. É aí que ele descobre quem são seus verdadeiros amigos.

Esta pérola, adaptação da peça (que havia sido protagonizada por Paul Muni) de Elmer Rice, comandada por um dos meus diretores favoritos, William Wyler, é praticamente desconhecida no Brasil, creio que nunca foi lançada em home video, mas considero simplesmente o melhor trabalho do grande John Barrymore, que operou verdadeiro milagre, já que sofria na época problemas de memória por causa do alcoolismo. A mão segura de Wyler evita que o roteiro caia nas armadilhas da linguagem teatral, conseguindo transmitir a mensagem com sensibilidade, sem pesar no melodrama.

Barrymore, um dos maiores atores de sua geração, é o elemento que torna este filme um tesouro que só melhora a cada revisão, ao injetar camadas em sua interpretação, ele reforça que o personagem não é um herói unidimensional, não é uma bússola moral, apesar de ser capaz de atos de pura bondade, ele também comete erros terríveis, a entrega sincera dele em cena faz com que este equilíbrio se converta em identificação emocional com o público.

Um clássico pré-code que merece ser retirado das prateleiras empoeiradas do tempo.

  • Você encontra o filme garimpando na internet.


Viva você também este sonho...

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