No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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Projeto Casablanca (Overdrawn at the Memory Bank – 1983)

No mundo em que grandes corporações exercem completo controle sobre os indivíduos, um homem assiste ao filme “Casablanca” em seu terminal de vídeo. Devido a uma falha no computador, sua personalidade se mistura com a do personagem principal e ele acaba envolvido na trama do filme.

Eu sempre fui um ávido leitor de ficção científica, “Fundação”, de Isaac Asimov, foi fundamental em minha adolescência, o seu impacto fez com que eu devorasse tudo o que encontrava em sebos no gênero, como os títulos da Coleção Argonauta, Arthur C. Clarke, Ray Bradbury, o mangá “Akira”, de Katsuhiro Otomo, e a trilogia de William Gibson, formada por “Neuromancer”, “Count Zero” e “Mona Lisa Overdrive”, as pedras angulares da literatura cyberpunk.

No cinema, “Blade Runner” (1982), de Ridley Scott, apresentou ao grande público a distopia tech-noir, e, no ano seguinte, Raul Julia protagonizou este esquecido telefilme, adaptado da novela homônima de John Varley, com clara inspiração orwelliana. Apesar de ter sido muito apedrejado, “Projeto Casablanca” traduz com fidelidade a essência cyberpunk, vale ressaltar, anos antes do lançamento de “Neuromancer”.

O projeto merece destaque pela utilização de primitivos efeitos de vídeo na defesa de conceitos avançados para a época, alguns, por exemplo, seriam trabalhados em “O Vingador do Futuro”, lançado 7 anos depois. Na trama, os filmes foram proibidos, nesta sociedade do futuro, o único entretenimento do indivíduo é inserir suas ondas cerebrais em uma simulação tecnológica.

A execução do roteiro é problemática, mas o todo compensa com seu charme de filme B, o sempre competente Raul Julia facilita a imersão em várias cenas prejudicadas pelos diálogos, entregando também uma excelente homenagem à Humphrey Bogart.

  • Você encontra facilmente o filme garimpando na internet.


Viva você também este sonho...

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