No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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Os Perigos de Paulina (The Perils of Pauline – 1914)

Antes de Pauline concordar em se casar com Harry (Crane Wilbur), ela diz que deseja se aventurar em atividades perigosas de sua escolha por um ano.

O cinesseriado produzido por William Randolph Hearst, protagonizado por Pearl White, foi um tremendo sucesso na época, contava com uma heroína aventureira, corajosa. Infelizmente, do material original, que consistia em 20 episódios, sobrevive hoje apenas uma versão condensada em 9, utilizada em exibições nas salas europeias, que você encontra com facilidade na internet, até mesmo no Youtube. Uma curiosidade, este pioneiro trabalho foi uma das inspirações para o desenho animado da Hanna-Barbera: “Os Apuros de Penélope”.

Vale ressaltar, uma realidade que as feministas modernas ignoram solenemente, que, na era silenciosa do cinema, praticamente todos os populares cinesseriados eram protagonizados por mulheres que se envolviam diretamente na ação, leia-se, realizando as próprias acrobacias em cena, sem dublês, longe do estereótipo da mocinha indefesa, encantavam o público, que retornava fielmente para constatar se elas haviam sobrevivido ao gancho do episódio anterior, desde o pioneiro “What Happened to Mary?” (1912), com Mary Fuller, produzido pela companhia de Thomas Edison, passando por “The Adventures of Kathlyn” (1913), com Kathlyn Williams, até os esforços de Grace Cunard, Ruth Roland, Helen Holmes e Marie Walcamp, mas a mais famosa de todas foi a atlética Pearl Fay White, reconhecida de forma justa como a “rainha dos cinesseriados”.

Ela não foi a primeira, “Os Perigos de Paulina” não trazia ganchos, não havia nada de especial na trama, os episódios repetiam a mesma estrutura, mudando apenas os desafios, com a heroína escapando das armadilhas elaboradas pelo guardião de sua herança, Koerner (Paul Panzer), mas o carisma da atriz carregava nos ombros a produção. E, claro, as sequências que mostram ela em perigo são fascinantes, envolvem balões descontrolados, fugas subaquáticas, acidentes de avião, entre outras peripécias pré-Buster Keaton.



Viva você também este sonho...

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