No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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Diário de Um Pároco de Aldeia (Journal d’un Curé de Campagne – 1951)

Nomeado para a paróquia de uma pequena aldeia da França, um jovem padre (Claude Laydu) não é bem recebido pelos moradores. Com a saúde debilitada, ele tenta lidar com a situação, contando com o auxílio de um padre do vilarejo vizinho.

Adaptar o livro original do Georges Bernanos não é uma tarefa fácil, principalmente quando o diretor opta pela extrema fidelidade à letra, sem inserir elementos narrativos atrativos que diluam as digressões filosóficas e facilitem a imersão emocional do grande público, um experimento que pode ser profundamente entediante para quem não enxerga como algo prazeroso ser instigado a pensar.

Uma cena que considero brilhante, linda, ainda que breve, envolve o encontro do pároco fragilizado com a jovem Séraphita (Martine Lemaire), uma referência direta à passagem bíblica em que Verônica de Jerusalém oferece seu véu para Jesus limpar o rosto no caminho do Calvário.

Caso você não conheça a obra de Bresson, indico que busque primeiro “A Grande Testemunha” (1966), “Um Condenado à Morte Escapou” (1956) ou “O Batedor de Carteiras” (1959), para se acostumar com o estilo intensamente minimalista que influenciou cineastas do mundo todo.

“Diário…” era o filme favorito de Tarkóvski, passava longe de ser o favorito do crítico André Bazin, a verdade é que não há como terminar a sessão indiferente à sua mensagem, uma pérola que, em revisão para este texto, segue forte, corajosa.

  • Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.


Viva você também este sonho...

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