Críticas

“A Dália Azul”, de George Marshall, com ALAN LADD e VERONICA LAKE

A Dália Azul (The Blue Dahlia – 1946)

O capitão Johnny (Alan Ladd) retorna da guerra junto com seus dois camaradas, Buzz (William Bendix) e George (Hugh Beaumont). Separando-se deles para voltar para a sua esposa Helen (Doris Dowling), ele descobre que ela está tendo um caso extraconjugal. Tentando sair da cidade sob uma forte chuva, ele encontra a misteriosa Joyce (Veronica Lake), que não sabe quem ele é.

Esta foi a primeira, e única, incursão do grande escritor pulp Raymond Chandler, já com alguns filmes adaptados de seu trabalho, como roteirista em Hollywood. O estúdio Paramount estava empolgado com o sucesso de “Pacto de Sangue”, lançado dois anos antes, então procurava alguma trama que mantivesse o padrão de qualidade, logo, ninguém melhor que Chandler, de obras-primas literárias como: “O Longo Adeus” e “A Dama do Lago”, para esta missão, comandada pelo diretor George Marshall.

Evitando qualquer risco, apostaram na química da dupla: Alan Ladd e Veronica Lake, que já haviam conquistado o público em dois projetos. Como forma irônica de salientar que o retorno do herói será fadado pela ilusão e pelos sonhos desfeitos, a câmera inicia mostrando “Hollywood”, o destino do ônibus que o conduz.

É uma pena que a solução para o crime tenha sido censurada pelo Ministério da Marinha, que não gostou de ver que no roteiro original, um oficial com uma placa de metal na cabeça, perturbado psicologicamente após a guerra, teria cometido o homicídio. Dá para notar que a substituição genérica foi feita na última hora, já que todo o arco narrativo do personagem é trabalhado neste sentido. O desfecho perde um pouco o impacto dramático, mas não é um problema que prejudique demais.

Esta confusão acabou desmotivando o escritor, que sofreu com a atitude dos produtores, até que conseguiu finalizar o roteiro totalmente bêbado, sendo indicado ao Oscar no ano seguinte. A fotografia de Lionel Lindon, responsável por filmes como “Sob o Domínio do Mal” e “Grand Prix”, evita trabalhar muito o contraste luz/sombras, elemento essencial no gênero, entregando um visual único.

* Adquira o filme em DVD na loja virtual da distribuidora “Classicline”, AQUI.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

Recent Posts

Crítica nostálgica da série “Duro na Queda” (1981-1986), com LEE MAJORS

Duro na Queda (The Fall Guy - 1981/1986) As aventuras de um dublê (Lee Majors)…

2 dias ago

Crítica de “O Dublê”, de David Leitch

O Dublê (The Fall Guy - 2024) O dublê Colt Seavers (Ryan Gosling) volta à…

2 dias ago

10 ótimos filmes que desafiam a sua mente

Se você conseguiu manter sua lucidez nos últimos quatro anos, enxerga claramente o estrago que…

3 dias ago

PÉROLAS que ACABAM de entrar na NETFLIX

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

4 dias ago

Sétima Arte em Cenas – “O Último dos Moicanos”, de Michael Mann

O Último dos Moicanos (The Last of The Mohicans - 1992) No século 18, em…

5 dias ago

“Star Trek Continues” (2013-2017), de Vic Mignogna

Você, como eu, ama a série clássica de "Jornada nas Estrelas"? E, como qualquer pessoa…

6 dias ago