Críticas

Crítica de “O Homem do Norte”, de Robert Eggers, na AMAZON PRIME

O Homem do Norte (The Northman – 2022)

Uma saga de vingança Viking que segue um príncipe (Alexander Skarsgård) nórdico querendo vingar a morte de seu pai (Ethan Hawke).

Alguns veículos da imprensa estão apedrejando a obra, logo, soou em alto e bom som o meu alerta vermelho, ao final da sessão constatei o motivo: o filme ousou se focar em contar uma boa história e ignorar solenemente a cartilha “progressista”, leia-se, o roteiro não se preocupa com diversidade étnica no elenco, nem com inclusão LGBTQIA+, também não mostra vikings veganos, e, principalmente, traz como protagonista o que esta patota descreveria como um personagem masculino “tóxico”.

A angústia desta turma infantilizada e barulhenta que enxerga cinema apenas como ferramenta imediatista para avalizar os discursos de sua agenda política é a alegria dos cinéfilos dedicados, aqueles que verdadeiramente respeitam esta arte, em suma, o material humano que o sistema, objetivando facilitar o controle comportamental total, deseja erradicar: os adultos emocionalmente maduros.

O roteirista/diretor norte-americano Robert Eggers, de “A Bruxa” (2015), auxiliado pela impecável fotografia de Jarin Blaschke, entrega uma forte, visceral, experiência sensorial, uma brutal ode à honra, adaptando o conto nórdico que serviu de inspiração para o “Hamlet”, de Shakespeare, com óbvia influência do “Conan, o Bárbaro” (1982), de John Milius.

A segurança com que Eggers aborda o tema é fundamental na imersão imediata do público, assim como a louvável preocupação com a representação fiel da cultura viking, as cenas exalam autenticidade, a minuciosa pesquisa histórica, envolvendo arqueólogos e linguistas, fica aparente em todos os aspectos da produção.

Outro elemento que merece destaque é a trilha sonora composta pelos estreantes Robin Carolan e Sebastian Gainsborough, que consegue transmitir a selvageria necessária (impossível não lembrar em alguns momentos do trabalho magistral do saudoso Basil Poledouris no já citado “Conan”), enfatizando o desafio de se sobreviver naquela realidade, utilizando instrumentos pouco usuais, como a Talharpa, uma lira curvada de quatro cordas, agregando fascinante estranheza à identidade sonora daquele universo.

A equipe de marketing internacional vendeu um épico de ação, mas o filme entrega muito mais, algo que pode até frustrar aqueles que buscam apenas violência. A forma como o roteiro trabalha o misticismo é brilhante, não apenas no aspecto visual, mas também em seu simbolismo na trama. O poeta e novelista islandês Sigurjón Birgir Sigurðsson (Sjón), que também assina o roteiro, ajudou bastante neste sentido, captando com sensibilidade a essência da mitologia de seu povo.

Neste momento culturalmente grotesco que estamos vivendo mundialmente, com a indústria forçando goela abaixo do público a bobagem woke em todos os contextos, além de refilmagens toscas, reboots tontos e super-heróis cada vez mais bobos, uma obra cheia de personalidade como “O Homem do Norte” restaura a fé de que o cinema ainda respira…

Cotação:

  • A obra acaba de estrear nas salas de cinema, mas, caso a sua esteja exigindo, não avalize a grotesca segregação pelo “passaporte sanitário”, você já encontra gratuitamente o filme com extrema facilidade na internet. No jogo da vida, escolha sempre ser o judeu, nunca o nazista.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

View Comments

  • Queria assistir, mas estava em dúvida, não consigo ver muita violência, mas o seu texto me convenceu.

Recent Posts

ÓTIMOS filmes que ACABAM de entrar na NETFLIX

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

1 hora ago

Crítica nostálgica da série “Duro na Queda” (1981-1986), com LEE MAJORS

Duro na Queda (The Fall Guy - 1981/1986) As aventuras de um dublê (Lee Majors)…

3 dias ago

Crítica de “O Dublê”, de David Leitch

O Dublê (The Fall Guy - 2024) O dublê Colt Seavers (Ryan Gosling) volta à…

3 dias ago

10 ótimos filmes que desafiam a sua mente

Se você conseguiu manter sua lucidez nos últimos quatro anos, enxerga claramente o estrago que…

4 dias ago

PÉROLAS que ACABAM de entrar na NETFLIX

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

5 dias ago

Sétima Arte em Cenas – “O Último dos Moicanos”, de Michael Mann

O Último dos Moicanos (The Last of The Mohicans - 1992) No século 18, em…

6 dias ago