Sete Noivas Para Sete Irmãos (Seven Brides for Seven Brothers – 1954)
Os irmãos Pontipee são lenhadores rústicos e fortes que vivem solteiros em uma cabana nas montanhas. Tudo muda quando o mais velho deles, Adam (Howard Keel), encontra uma namorada (Jane Powell) e a leva para morar com ele e seus irmãos. Agora os demais (Russ Tamblyn, Tommy Rall, Jeff Richards, Matt Mattox, Marc Platt e Jacques d’Amboise) querem fazer o mesmo e ir para a cidade em busca de suas futuras esposas.
O roteiro deste clássico, assinado por Albert Hackett, Frances Goodrich e Dorothy Kingsley, costuma ser tratado pela garotada que escreve sobre cinema hoje como algo ultrapassado, já li cada bobagem, fico chocado com a falta de preparo, estudo, e, principalmente, de sensibilidade.
A apreciação do gênero musical, por si só, depende de um refinamento existencial outrora usual em jovens e adultos, elegância, bom gosto, maturidade psicológica, elementos atualmente demonizados.
Eu tenho “Sete Noivas Para Sete Irmãos”, do saudoso mestre Stanley Donen, na coleção em vários formatos, VHS, DVD, Blu-ray, tenho também a trilha sonora composta por Gene de Paul e Johnny Mercer em LP, e, cada vez que revejo, a experiência se torna ainda mais prazerosa.
Vale ressaltar uma curiosidade, os executivos não colocavam fé na produção, chegaram a desviar verba para “A Lenda dos Beijos Perdidos” (Brigadoon), veículo para Gene Kelly e Cyd Charisse, que era mais pretensioso, mas carecia do charme natural que a belíssima Jane Powell esbanjava, enquanto aceitava o desafio de ensinar bons modos aos caipiras.
A simplicidade temática, um dos trunfos da obra, serviu como impulso criativo para o brilhante coreógrafo Michael Kidd, que, no estágio inicial, demonstrou compreensível preocupação.
Na teoria, a ideia de grosseirões dançarinos poderia forçar a suspensão da descrença do público, o segredo estava em abraçar carinhosamente a caricatura, a proposta fabulesca, e, neste sentido, a sequência mais importante é a longa dança do celeiro.
A engenhosa coreografia não é apenas divertida, visualmente atrativa, ela avança a narrativa, evidenciando o conflito entre os jovens da cidade e os caipiras.
Kidd inteligentemente evita a utilização excessiva de movimentos de balé, optando por uma pegada mais atlética, mais crua, algo que torna o embate ainda mais engraçado.
Ele estabelece logo nos primeiros segundos a diferença entre os dois grupos, o ritual careta memorizado que é defendido sem personalidade pelos jovens em tons cinzas, a displicência libertária dos irmãos vestidos com cores vibrantes. E, neste fogo cruzado, um toque sutil, a atitude das meninas insinua o desejo proibido.
Os passos dos rapazes da cidade soam como marcha militar, constantemente resgatando a atenção das garotas. Os caipiras inicialmente tentam a estratégia da adequação, buscando brechas no ritmo, mas logo são vencidos.
Eles se reúnem, algo precisa ser feito, a personagem de Powell percebe que eles pretendem apelar para a violência, a zona de conforto da família, então decide ajudar.
A sua dança remete à segurança amorosa, ao senso de pertencimento, afastando das mentes deles a angústia da disputa, automaticamente estimulando o brotar da naturalidade, por conseguinte, os novos movimentos agora incorporam traços da rotina dos irmãos.
Os rapazes da cidade passam a invejar aquela desenvoltura, aquele espírito selvagem, alegre, o jogo virou.
Cena analisada no texto:
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