Críticas

Dica do DTC – “Nazareno Cruz e o Lobo”, de Leonardo Favio

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

Nazareno Cruz e o Lobo (Nazareno Cruz y el Lobo: La Palomas y los Gritos  – 1975)

Nazareno Cruz (Juan José Camero) é um jovem fazendeiro que vive em uma cidade rural. Ele é conhecido por ser o sétimo filho de seu pai, e por isso é visto pelos moradores como vítima da maldição do lobisomem. Apesar disso, ele vive feliz na comunidade. O menino cresce e se apaixona por uma linda garota, Griselda (Marina Magali). Aos 20 anos é visitado pelo Diabo, que lhe oferece as riquezas do mundo se ele virar as costas ao seu amor por Griselda, e se não o fizer, transformar-se-á num lobo.

Esta pérola é um dos maiores sucessos do cinema argentino de todos os tempos, mas é desconhecida no Brasil, dirigida pelo saudoso Leonardo Favio (Fuad Jorge Jury), responsável por outro clássico esquecido, o espetacular “El Dependiente” (1969), que antecipou o estilo onírico de David Lynch, com uma pitada de Buñuel.

Favio pode homenagear as tradições do terror nos créditos iniciais, mas o roteiro e as escolhas seguras na fotografia de Juan José Stagnaro demonstram uma louvável ousadia, utilizando o elemento fantástico como desculpa para desenvolver uma trágica história de amor.

O diretor confessou em uma entrevista que a ideia nasceu do desconforto que sentia na época com a polarização política, a sociedade enxergava tudo pela lente partidária, logo, ele tentou lembrar a massa da necessidade do escapismo, o valor de uma mensagem livre de intenções dúbias.

A origem radiofônica da trama, a radionovela homônima escrita por Juan Carlos Chiappe na década de 50, fica evidente no tom melodramático de algumas cenas, que beiram o kitsch, algo que torna o resultado ainda mais charmoso.

  • Você encontra o filme com facilidade garimpando na internet.
Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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