O Velho e o Mar (The Old Man and the Sea – 1958)
Já faz 84 dias que o velho pescador Santiago (Spencer Tracy) não consegue pescar nada. Apesar da fidelidade de um menino que traz café e comida ao homem diariamente, a sorte realmente não está ao seu lado. Porém, ele não desiste e algo surpreendente acontece.
Eu me recordo bem do dia em que tive contato com o maravilhoso livro de Ernest Hemingway na adolescência, devorei a obra durante uma tarde na casa de uma tia materna. Sim, eu sempre fui o esquisito que ficava no quarto lendo, enquanto os primos se divertiam na piscina. Ela achou tão bacana a minha atitude, que retirou de sua coleção e acabou me presenteando com ele.
A elegante adaptação cinematográfica de John Sturges me encantou em alguma sessão televisiva algum tempo depois, com a narração defendida na versão brasileira pelo saudoso dublador Newton da Matta.
No roteiro, o talento do alemão Peter Viertel, que trabalhou na produção de “Uma Aventura na África” (1951) e, anos depois, abordou sua experiência com John Huston em livro que foi filmado por Clint Eastwood, “Coração de Caçador” (1990). O estilo adotado por ele respeita em espírito e letra o material original, o ritmo é lento, o tom é elegíaco, elemento que é potencializado na bela trilha composta por Dimitri Tiomkin, que capta brilhantemente a gradativa deterioração do estado psicológico do protagonista.
A crítica da época foi incapaz de enxergar além das limitações técnicas, os textos exalam má vontade, focando no argumento de que as cenas envolvendo a jornada do pescador para caçar e manter o espadarte gigante foram filmadas em estúdio, uma bobagem, intelectualmente míopes, provavelmente estes profissionais acreditavam que era um filme sobre pescaria.
Insira um ator medíocre na locação mais realista possível, que tudo soará artificial e vazio. A presença do grande Spencer Tracy é tão forte, a sua atuação é tão emotiva, que cada aspecto da trama se torna tangível, a imersão é plena, há verdade em cada fala, a fábula (enaltecida na fotografia do chinês James Wong Howe) se desenvolve com fluidez, prendendo sua atenção já nos primeiros minutos. O próprio Hemingway expressava gratidão pela forma com que seu livro foi transposto para a tela grande.
Santiago é evitado pelos moradores da região, a sua atividade é desprezada pelos eventuais turistas frívolos, apenas o menino (Felipe Pazos), que admira o esforço do velho, compreende com surpreendente maturidade a odisseia e o que estava em jogo, a tristeza na constatação da missão sisífica, inglória, a nobre busca por dignidade e propósito em uma existência que ruma rapidamente para o seu natural desfecho.
A vitória moral do homem resiliente prepara seu espírito para o recomeço na manhã seguinte, claro, após um bom café, a celebração do ciclo da vida, ele é movido pela força interna do leão jovem que afasta corajosamente o medo dos inevitáveis tubarões da finitude. Como Cristo, Santiago carrega o mastro de sua embarcação, pronto para enfrentar as forças da natureza.
Trilha sonora composta por DIMITRI TIOMKIN:
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