O Oficial e o Espião (J’accuse – 2019)
Paris, final do século 19. O capitão francês Alfred Dreyfus (Louis Garrel) é um dos poucos judeus que faz parte do exército. No dia 22 de dezembro de 1884, seus inimigos alcançam seu objetivo: conseguem fazer com que Dreyfus seja acusado de alta traição. Pelo crime, julgado à portas fechadas, o capitão é sentenciado à prisão perpétua no exílio. Intrigado com a evolução do caso, o investigador Picquart (Jean Dujardin) decide seguir as pistas para desvendar o mistério por trás da condenação de Dreyfus.
Roman Polanski é um dos diretores mais competentes em atividade, ele, amparado por um elenco seguro, entrega talvez seu projeto mais pessoal, mais até que “O Pianista”, devido à essência do tema, o falecimento em vida da dignidade de um indivíduo, algo que também remete à tola cultura atual de “cancelamento”.
O primeiro ato é inegavelmente arrastado, o roteiro do próprio diretor, em parceria com o competente jornalista Robert Harris, autor da obra original, privilegia a atmosfera em detrimento do ritmo, sobrecarregando o público com informações, verborragia importante.
Quando começa a investigação de Picquart, o filme melhora exponencialmente, engrandecido pela atuação inteligentemente comedida de Jean Dujardin. Vale destacar o design de produção impecável em sua reconstituição de época.
O caso Dreyfus é uma página vergonhosa na história da França, uma abordagem sensacionalista, emotiva, apesar de correta mercadologicamente, poderia trabalhar contra a sua mensagem final, logo, a opção pela sobriedade favorece o envolvimento racional do espectador com a reação, cada vez mais ultrajada, do protagonista com as revelações sobre os erros conscientes do processo.
O toque de gênio é evidenciar que Picquart inicialmente odiava Dreyfus, agregando tridimensionalidade à sua interpretação, a atitude dele vai gradativamente mudando à medida em que reconhece os injustos mecanismos que destruíram a reputação da vítima.
A fotografia do parceiro frequente, Pawel Edelman, remete à “Barry Lyndon”, de Kubrick, na forma como transmite com sensibilidade a alegoria da ausência de luz nos ambientes, refletindo os impulsos sombrios dos personagens.
“O Oficial e o Espião” é um dos melhores filmes da carreira de Polanski.
Cotação:
27 Noites (27 Noches - 2025) Uma mulher (Marilú Marini) é internada em uma clínica…
No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não…
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
Hoje em dia está na moda nas redes sociais estes desafios lúdicos, logo, decidi entrar…
No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não…
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…