Mães Paralelas (Madres Paralelas – 2021)
Duas mulheres, Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit), dividem o quarto de hospital onde vão dar à luz. As duas são solteiras e ficaram grávidas acidentalmente. Janis, de meia-idade, não se arrepende e nas horas prévias ao parto sente-se pletórica, a outra, Ana, é uma adolescente e está assustada, arrependida e traumatizada. Janis tenta animá-la enquanto passeiam como sonâmbulas pelo corredor do hospital. As poucas palavras que trocam nestas horas vão criar um vínculo muito profundo entre as duas, e este acaso vai encarregar-se de desenvolver e complicar de forma tão retumbante que mudará a vida de ambas para sempre.
Eu gosto muito do estilo do Pedro Almodóvar, mas reconheço que, em seus momentos menos inspirados, o resultado pode ser constrangedor, em suma, quando ele acerta a mão, entrega pérolas como “Fale Com Ela”, “Tudo Sobre Minha Mãe” e “Dor e Glória”, quando ele erra, entrega títulos intensamente problemáticos como “Os Amantes Passageiros”, “Kika” e “O Que Eu Fiz Para Merecer Isto?”
Até mesmo quando ele opta pelas tintas mais fortes, como em “A Pele Que Habito”, “Má Educação” e “Matador”, ele entrega ao público uma experiência sensorialmente recompensadora. O saldo é positivo, nestes quase 50 anos dedicados ao cinema, como uma efervescente mente criativa, ele nunca é morno… Bom, quase nunca…
A forma como o diretor conta a história em “Mães Paralelas” é extremamente competente, mantém a atenção sem dificuldade, mas o conteúdo é previsível, as situações se beneficiam de várias coincidências improváveis, não há como negar, no aspecto emocional, até mesmo na subtrama política (vale salientar, trabalhada em seu desfecho com a sutileza de um elefante numa loja de cristais), o material que se descortina é, no pior sentido, típico de novela mexicana.
Trocando em miúdos, o roteiro se dedica a fazer com que nós nos importemos com o desenvolvimento na relação entre as duas mães, até que simplesmente, após uma reviravolta narrativa que simplesmente não soa coerente, convincente, ele descarta a essência humana e se foca no contexto que aborda a Guerra Civil Espanhola. O senso de humor do diretor, característica marcante em sua carreira, talvez ajudasse neste ponto, afinando as propostas no mesmo diapasão, mas a atitude excessivamente sóbria não abre esta possibilidade.
O todo falha na convergência de temas, o leitmotiv da necessidade de se encerrar um ciclo trágico é transmitido de forma muito forçada, sem aparar arestas, o produto final não satisfaz em nenhum ponto que defende, algo que, em revisão, sem o elemento da surpresa, se torna um problema ainda mais aparente.
“Mães Paralelas” infelizmente é uma obra menor na carreira de Almodóvar.
Cotação:
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