Críticas

Dica do DTC – “Caminho Amargo”, de Mauro Bolognini

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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Caminho Amargo (La Viaccia – 1961)

Amerigo (Jean-Paul Belmondo), um jovem de uma rica família rural italiana, está acostumado com a vida no campo, mas fica fascinado com a vida urbana quando se aventura na cidade. Apaixonado por uma linda cortesã, Bianca (Claudia Cardinale), ele logo queima seu dinheiro tentando acompanhar seus gostos caros. Determinado a não perdê-la, ele recorre a medidas extremas para ficar com a jovem, o que o afasta de seus parentes.

Eu considero “Caminho Amargo” o melhor trabalho dentre aqueles que Bolognini realizou com a belíssima Claudia Cardinale, um conto primoroso sobre os perigos do amor possessivo. Há na obra um elemento recorrente na filmografia do diretor, a marxista visão simplista do capitalismo como o mal supremo, mas ele é inserido na trama com fluidez, sem pesar a mão, não prejudica a experiência.

O protagonista se mostra incomodado com a guerra de interesses desencadeada no seio familiar, por conseguinte, enxerga com fascínio a rotina libertária da cortesã, o futuro incerto se torna para ele o sonho escapista mais atrativo, o vislumbre da decadência passa a brilhar como ouro. Vale destacar a sequência em que a jovem revela a ele como se iniciou nesta função, bela atuação de Cardinale, agregando camadas importantes na compreensão das motivações da personagem que, até este momento, parecia ser banal.

A visão de Bolognini nunca é esperançosa, o desfecho é sombrio, as atitudes são repulsivas, mas a fotografia elegante de Leonida Barboni garante a imersão emocional do público.